segunda-feira, 15 de março de 2021


Toda vez que se reunia com os funcionários, um ex patrão meu se desmanchava em lágrimas, contando a história da família dele e de como haviam construído a empresa, praticamente do nada. 

O discurso quase comovia por um tempo, até que os empregados começassem a fazer reivindicações, como aumento de salário e melhoria das condições de trabalho. Então, o chorão embusteiro mostrava sua verdadeira face e esbravejava: 

“Vocês valem menos que o esperma do meu cavalo árabe. Dele, posso obter mais lucro com novos cavalos. De vocês, não se aproveita nada!”. 

Pode parecer surreal, mas é isso mesmo que o empresário do ramo de comunicações dizia aos seus funcionários: 

“De televisão, não entendo coisa alguma. É do meu haras, que vem a minha riqueza”.

Mas, enfim, preservemos a memória dos mortos e deixemo-los descansar em paz. Remexi nessas memórias, porque quase me comovi, novamente, com lágrimas de crocodilo de grandes embusteiros que pululam o cenário político nacional, nos dias de hoje.

Nesses tempos de crocodilagem máxima, um desses répteis quase soluçava enrolado à bandeira nacional, ao falar do pai, cuja figura é mesmo de fazer chorar de verdade. 

Mais recentemente, outro dos pilantras do jardim de infância, anão de jardim, ratazana dos buracos políticos de Brasília caiu no choro, mandando recados raivosos para a imprensa. O teatrinho também era para defender a ratazana-mor.

Enfim, já vi muita coisa nessa vida, e é preciso mais que um crocodilo branco chorando para me comover. Ainda, assim, cuidado senhoras e senhores incautos: não consumam de primeira discurso oficial ou de alto escalão.



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